Em momentos históricos, os artistas surgem como aliados importantes de causas coletivas. Em dezembro de 2015, diante da forte repressão aos estudantes das escolas ocupadas, nos unimos pel

o direito a participação nas decisões do estado e por uma educação pública de qualidade e, juntos, fizemos história. 




816
artistas e bandas inscritos





2 dias de shows em 10 escolas ocupadas



705 produtores
se voluntariaram





17 mil inscritos
para o show aberto



941 inscritos
para cobrir o evento





muito AMOR em apoio aos estudantes





Como nasceu a virada?

Em novembro de 2015, o Governo do Estado de São Paulo anunciou que iria reorganizar a rede pública de ensino e, para isso, fechar 93 escolas e deslocar mais de 311 mil alunos.

Isso sem antes debater com a comunidade escolar e resolver o problema da superlotação que ainda atinge pelo menos 15% das salas de aula.

A medida provocou a reação dos alunos, que em protesto ocuparam por mais de 1 mês cerca de 200 escolas em todo o estado, resistindo diariamente as intimidações e abusos da PM. Mesmo a justiça tendo reconhecido como legítima as ocupações e negado qualquer reintegração de posse, a gestão Alckmin tratou o assunto como caso de polícia e ainda anunciou o corte no bônus dos professores dos colégios ocupados, jogando diretoria e professores contra os alunos e tornando o impasse ainda mais desleal.

Foi percebendo a importância do movimento dos secundaristas por maior participação nas decisões do Estado - e a estratégia duvidosa do governo para lidar com a situação - que a Rede Minha Sampa resolveu entrar em cena.

No auge da repressão, criamos a plataforma De Guarda Pelas Escolas, em que qualquer pessoa podia tonar-se um guardião das escolas ocupadas e receber um SMS em caso de desocupação forçada. Foram mais de 4.000 guardiões inscritos que receberam nosso chamado para irem fisicamente proteger as escolas da truculência da polícia com o corpo, a voz, a câmera ou a indignação.

Mas não paramos por aí! Com a mídia tradicional tratando os estudantes como ‘invasores’ e não promovendo o que de fato acontecia dentro das escolas, entendemos que era o momento de convocar o apoio da classe artística e assim, mostrar o apoio da sociedade ao movimento dos secundaristas. Era preciso deixar claro também que as ocupações aconteciam para questionar uma decisão unilateral do Governo e mostrar que podemos sim mudar as decisões políticas do nosso estado se nos mobilizarmos para isso.

A Virada Ocupação aconteceu nos dias 06 e 07 de Dezembro de 2015 e entrou pra história. Centenas de voluntários, artistas, produtores, fotógrafos, jornalistas, ativistas e técnicos se mobilizaram para construir esse grande ato de forma colaborativa, descentralizada e inédita. Tudo isso em apenas uma semana. Como? Continue lendo para descobrir.
Convocando Artistas, Produtores e Midialivristas.

Excelente! Tínhamos uma ideia poderosa na cabeça. Mas como iríamos produzir um evento desse porte em tão pouco tempo? A resposta mais uma vez estava em algo que a gente adora repetir: se cada um fizer um pouquinho, a gente faz um montão!

Criamos um site em apenas 24 horas e nele abrimos formulários para que artistas, produtores, donos de equipamento, fotógrafos, videógrafos e jornalistas independentes se inscrevessem para colocar a Virada de pé.




Site no ar, post publicado no facebook, e-mail enviado para todos os membros da Minha Sampa e em poucas horas já tínhamos muita, mas muita gente inscrita. Dois dias depois éramos 653 artistas, 732 produtores, 514 voluntários para participar da cobertura coletiva e uma linda matéria que conseguimos cravar no Estadão confirmando as presenças de Paulo Miklos, Edgar Scandurra, Maria Gadú e Criolo.
Reunião com produtores voluntários

Na 4ª-feira, 02/12, faltando apenas 4 dias para o evento, fizemos o primeiro - e único - encontro com os produtores inscritos para fazer a Virada Ocupação.

Na sede da Minha Sampa, em uma vilinha que dividimos com organizações, projetos e ativistas que também trabalham com a chamada democracia 2.0, recebemos cerca de 50 pessoas dispostas a se desdobrar em apoio aos estudantes.


Com a sala lotada de gente - e alguns cães - começamos a reunião com a visita de duas alunas da E.E. Fernão Dias, que instigou e emocionou a todos com suas histórias de como elas estavam se organizando na Ocupação e o papel daquela experiência para suas vidas.

Passado o momento ‘caramba, essa galera é demais’, era hora de colocar a mão na massa. Com a ajuda dos ativistas que tinham criado a página Não Fechem Minha Escola, e que foram fundamentais em todo esse processo, listamos as escolas ocupadas com as quais tínhamos mais contato, levando também em consideração o desejo de estar presente em todas as regiões de SP e na periferia, justamente onde a repressão da polícia se dava de forma mais intensa.

Dividimos os produtores em grupos e cada um escolheu uma escola. Passamos então a lista dos artistas e voluntários inscritos e o contato dos estudantes nas 10 escolas mapeadas. E com uma planilha única para todos (obrigado google drive!), cada grupo ficou responsável pelo contato com os artistas, a organização da programação, a busca por equipamentos e toda a logística e operação necessária pra Virada acontecer em cada colégio.

Repetindo o movimento dos secundaristas, promovemos a autogestão, a descentralização da liderança e a responsabilidade compartilhada de uma maneira inédita até então. E com organização, paixão e convicção, mostramos que juntos somos muito, mas muito mais fortes.



Reunião com os coletivos de mídia independente

Na 5ª-feira, 03/12, faltando apenas 3 dias para o evento, foi a vez do encontro com os voluntários inscritos para realizar a cobertura da Virada Ocupação. Estavam presentes ativistas e coletivos como Selva SP, Jornalistas Livres, TV Drone, Pública, Escola de Ativismo, Não Fechem Minha Escola, Classitude e mais um monte de gente super talentosa e disposta a construir uma nova narrativa de forma colaborativa.




O objetivo principal era fazer com que a mídia independente pautasse a mídia tradicional. Ou seja, uma força tarefa que mostrasse de fato a importância do movimento dos estudantes, fugindo do lugar comum e das edições tendenciosas dos grandes veículos.


Assim, o grupo de trabalho que montamos nesse dia teria acesso irrestrito a todos os shows, escolas, alunos e estudantes. Já a mídia tradicional seria mandada toda para um mesmo lugar. Calma, não é muito bem pra onde você está pensando. Continue lendo!

Conquista importante: suspensão da reorganização pelo Alckmin

Na véspera da Virada Ocupação, dia 05/12, o governador surpreendeu a todos ao publicar um decreto que revogava a reorganização escolar. (Pulos, gritos, abraços, lágrimas!!!). Uma enorme vitória de todos os estudantes que se mobilizaram de maneira exemplar, pacífica e inteligente durante mais de um mês, mostrando que num estado com 15% das salas de aula superlotadas não dá para fechar escola, muito menos sem diálogo com a comunidade escolar.

Foi também uma conquista dos milhares de cidadãos de São Paulo que se mobilizaram em prol dos estudantes e disseram ao governador, em alto e bom som: o Estado é nosso!

O anúncio, no entanto, não botava fim a história. Os estudantes discutiam formas de manter a mobilização para que ninguém fosse punido e a maioria das escolas continuou ocupada pelos dias que se seguiram.

Mas e a Virada? Mantivemos, é claro! Afinal, era hora de celebrar e mostrar que estávamos de olho e prontos para defender a educação e o diálogo.








Aberto ao público

A Virada aconteceu em 10 escolas apenas para os estudantes que as ocupavam, como um presente por resistirem bravamente e um muito obrigado pelo exemplo deixado.

Porém, para tornar o evento um ato político e permitir que outras pessoas que não estavam nas ocupações manifestassem seu apoio aos secundaristas, decidimos que um dos palcos seria aberto ao público e a imprensa tradicional.

Para evitar grande aglomerações, repressão policial ou boicote, não divulgamos o endereço da escola que receberia o show aberto, mas os interessados puderam se inscrever no site da Virada para receber um SMS com o local secreto 1 hora antes do início do evento.

Surpreendentemente, mais de 17 mil pessoas se inscreveram para receber em primeira mão o endereço e participar desse ato histórico. Como o espaço não acolheria a todos confortavelmente disponibilizamos também no site do evento a transmissão ao vivo dos shows. No total, mais de 20 mil pessoas assistiram aos shows tanto em casa como ao vivo. E com toda certeza, foi uma experiência de arrepiar. Dúvida? Então aperte o play no vídeo abaixo!

Veja algumas fotos da Virada!












Veja todo os posts e fotos da #ViradaOcupação

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NA MÍDIA

A Virada não foi só um sucesso de público. Ela também gerou, em várias mídias, uma cobertura positiva da luta dos estudantes!
















POR QUE A MINHA SAMPA
ENTROU NESSA MOBILIZAÇÃO?

A Minha Sampa é uma Rede de mobilização independente, que não aceita nenhum recurso público ou de partidos políticos. Acreditamos que a construção de uma cidade mais inclusiva passa pelos investimentos necessários em educação - e que qualquer mudança nessa política pública essencial deve ser amplamente discutida com os pais, alunos e professores e beneficiar claramente a comunidade escolar com um todo.

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